Qual a melhor forma de comprar um carro? Veja os investimentos recomendados
De cada dez brasileiros, sete sonham em comprar um carro nos próximos meses, segundo a consultoria Ernst & Young. Se você faz parte desse contingente, saiba que existem algumas estratégias financeiras que podem garantir uma compra mais inteligente de um veículo.
Você pode optar por um financiamento, ou pode investir por um período até alcançar o montante necessário para comprar à vista. Pode ainda optar pelo consórcio, do qual falaremos mais adiante. Acompanhe!
Comprar um carro: a opção do financiamento
O financiamento de veículo é uma modalidade de crédito que permite que uma pessoa adquira um automóvel parceladamente, pagando o valor total do veículo ao longo do tempo. Esse processo envolve um acordo financeiro entre o comprador e uma instituição financeira, como bancos, financeiras ou concessionárias, que fornecem o montante necessário para a compra do carro.
O primeiro passo é escolher o veículo desejado. Isso inclui a marca, modelo, ano e demais características que influenciam no valor do automóvel.
Após a escolha do veículo, o comprador precisa passar por uma análise de crédito realizada pela instituição financeira. Essa análise verifica a capacidade de pagamento do comprador com base em sua situação financeira, histórico de crédito e renda.
Muitos financiamentos exigem um valor de entrada, que é um montante pago pelo comprador no ato da compra. Esse valor pode variar, mas geralmente fica entre 20% e 30% do valor total do veículo.
O comprador e a instituição financeira acordam o prazo de financiamento, ou seja, o período em que o comprador terá que quitar todas as parcelas. O prazo pode variar de 12 a 60 meses, dependendo das condições do contrato.
As instituições financeiras cobram juros sobre o valor financiado. Essas taxas podem variar de acordo com a instituição, o perfil do comprador e as condições do mercado. O valor dos juros é somado ao montante financiado e dividido ao longo das parcelas.
O valor total do veículo, descontando a entrada, então, é dividido pelo número de parcelas acordadas. O comprador paga essas parcelas mensalmente até quitar o financiamento.
Durante o período de financiamento, o veículo fica registrado em nome da instituição financeira como garantia. Somente após o pagamento integral, a propriedade do veículo é transferida para o comprador.
Muitas instituições financeiras exigem que o comprador contrate um seguro para o veículo financiado, garantindo proteção em casos de sinistros.
Alguns financiamentos permitem o pagamento antecipado das parcelas ou até mesmo a quitação do saldo devedor. Entretanto, é importante verificar as condições contratuais, pois algumas instituições podem cobrar taxas adicionais.
O financiamento de veículo oferece a possibilidade de adquirir um carro mesmo sem dispor do valor total de forma imediata, possibilitando que o comprador dilua o custo ao longo do tempo. No entanto, é fundamental avaliar as condições, taxas de juros e comprometimento financeiro antes de optar por essa modalidade.
Na EQI Investimentos, o cliente pode receber de seu assessor de investimentos um levantamento com as melhores opções de financiamento do mercado, como explica Alexandre Viotto, co-head de Banking da corretora.
Apesar da conveniência e do conforto do veículo – e do prazer de adquirir um carro novo -, Viotto alerta o comprador de que veículos são ativos muito específicos, cujos valores caem com o tempo, enquanto a taxa de juros do financiamento cresce. “Acho importante a pessoa ter clareza de que veículo nunca é investimento”, aponta.
Para ele, dentre as opções de compra de veículo, a mais interessante é a compra à vista, seguida pela compra via consórcio em, por fim, o financiamento. Mas que a escolha sempre vai depender do montante que a pessoa tem disponível e da urgência em adquirir o bem.
Comprar um carro: investir para comprar à vista
Se você prefere não pagar juros e tem predileção pelas compras à vista, alguns investimentos são os mais indicados quando a intenção é comprar um carro.
Um dos critérios determinantes para definir a melhor opção de investimento é o prazo em que se planeja adquirir o veículo.
A disposição para assumir riscos pode variar conforme o tempo desejado para a compra, permitindo escolhas mais arrojadas para quem busca um automóvel em um horizonte de tempo mais amplo. O contrário também é verdadeiro: para comprar um automóvel em um ou dois anos, será preciso arriscar-se mais nos investimentos.
Para aqueles que buscam investimentos visando a compra de um carro, produtos de renda fixa com rendimento a partir de 100% do CDI são uma escolha adequada para constituir essa reserva.
Se a intenção é guardar dinheiro para um prazo mais curto, a prioridade deve ser dada a produtos com maior liquidez, como Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e títulos do Tesouro Direto.
Por outro lado, para aqueles que têm um prazo mais elástico, existem opções que possibilitam buscar uma rentabilidade um pouco mais expressiva. Investir em Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), por exemplo, oferece a vantagem da isenção de imposto de renda, desde que se tenha a paciência de esperar o período de carência, geralmente 90 dias.
Fundos multimercados com foco na renda fixa também são uma alternativa, podendo proporcionar rendimentos que chegam a até 115% ou 120% do CDI.
Consórcio: mais uma alternativa para comprar um carro
Além das opções de financiamento e investimento para comprar à vista, os consórcios também são uma opção.
Para Cauê Ostetto, head da área de Consórcio da EQI Investimentos, de modo geral, o consórcio é uma forma de aquisição de bens e serviços que pode se encaixar melhor em objetivos de médio a longo prazo.
“O consórcio é uma maneira interessante para quem não quer se descapitalizar e tem tempo para adquirir o bem. O custo é mais baixo na comparação com outros tipos de dívida, além de permitir uma estratégia que pode acelerar a contemplação em alguns casos”, comenta o especialista.
O consórcio é um modelo de aquisição de bens e serviços, que reúne pessoas físicas e/ou jurídicas em torno do mesmo objetivo. Um grupo de consórcio funciona de forma autofinanciável, a partir da contribuição mensal de todos os integrantes, que formam um fundo financeiro.
A partir desses recursos, é possível contemplar os participantes – por meio de sorteios e da oferta de lances – para que eles tenham acesso à carta de crédito.
A contemplação no consórcio acontece de duas formas:
- Sorteios mensais: nos quais todos os participantes têm oportunidades iguais de contemplação;
- Na oferta de lances: que funciona como uma antecipação dos valores das parcelas. A finalidade principal do lance é reduzir o tempo de espera para a aquisição do bem ou serviço.
Compra da carta de crédito
A carta de crédito é o instrumento que permite aos consorciados adquirir o bem ou serviço desejado. Ela é concedida mediante a contemplação, ato que atribui o crédito para a realização do negócio.
Porém, há pessoas que entram no consórcio apenas como investimento ou que, apesar de contempladas, não desejam adquirir o bem naquele momento. Assim se formou um mercado de venda de cartas contempladas, que é totalmente legal e agiliza o processo de compra do veículo.
“O consórcio contemplado é uma modalidade na qual quem possui o direito ao crédito não irá usá-lo e irá repassar esse direito à carta de crédito, mediante um pagamento. Para quem vende a carta de crédito há uma vantagem, pois a pessoa consegue rentabilizar os valores investidos. E para quem compra também faz sentido o negócio, porque tem acesso mais rapidamente ao bem ou serviço em questão, sem a burocracia e as taxas de outros meios de crédito”, explica Osteto.
“Ao comprar uma carta de crédito contemplada, o investidor recebe o direito a usar o crédito sem precisar esperar sorteio ou lance. Isso acelera o poder de compra, facilitando a negociação e encurtando o tempo de utilização do recurso”, complementa.
Ele exemplifica que uma carta contemplada para comprar um carro de R$ 135 mil pode ser paga com uma entrada de R$ 54 mil, mais 56 parcelas de R$ 2.465 (valor corrigido a cada 12 meses pelo índice de referência, que pode ser INPC, IPCA e FIPE).