A pergunta é: até onde vai a queda da Selic?
Olá, Investidor Inteligente!
Existe uma pergunta no mercado financeiro que a sua resposta (se correta, logicamente) certamente valeria R$ 1 milhão! Até onde vai a queda da Selic?
O mercado já precifica a Selic próxima a 9% a.a. no final de 2024. Será que ela vai abaixo desse patamar? Será que chega a 8% ou 7%? Ou será que fica próximo aos 10%?
Ninguém tem essa resposta de antemão.
O que existem são projeções – e são sobre elas que quero discorrer um pouco.
Em outras palavras, podemos ver duas projeções dos juros:
- Os juros futuros – DI, que representam as expectativas dos compradores e vendedores de contratos de juros e o seu carrego médio.
- E as projeções do nosso Banco Central – elencadas no Boletim Focus – que representam as expectativas das maiores instituições financeiras do país quanto à Selic terminal de determinado período.
Essas projeções foram tomadas no dia em que a Selic obteve o primeiro corte, no ciclo econômico em questão.
Aqui, estamos medindo qual era a expectativa do mercado para o futuro da Selic, no primeiro dia de corte. E, os resultados são surpreendentes!
Veja que em todos os 6 casos, a Selic acabou caindo ABAIXO das projeções iniciais.
…Ou seja, os analistas, economistas, gestores, assessores, compradores e vendedores – TODOS subestimaram a queda em TODOS os 6 ciclos!
A história nos mostra que podemos esperar que a Selic vá abaixo dos 9%!
Mas isto é “fato certo e consumado”? Obviamente, não!
No mercado financeiro não temos certezas – o que temos são projeções, análises históricas e probabilidades!
Diante de uma queda maior do que a já precificada pelo mercado: o que o investidor que não quer investir em renda variável pode fazer?
Até onde vai a Selic: de olho na rentabilidade
Nos próximos parágrafos falaremos bastante sobre rentabilidade. Antes de continuar, preciso alertá-lo e/ou relembrá-lo que a rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura, e que os comentários abaixo não devem ser considerados recomendações de compra e de venda de ativos.
Na alta da Selic, a classe de investimentos que domina a rentabilidade e a preferência dos investidores é a de renda fixa.
Na baixa da Selic, a renda fixa começa a render cada vez menos, principalmente a classe dos pós-fixados.
Em contrapartida, várias outras classes passam a apresentar melhores rendimentos, como é o caso dos fundos multimercados.
Esquecidos nos últimos anos, os multimercados devem começar a ganhar destaque nos próximos meses. Não somente pelo aumento do fluxo de investimentos, mas pela rentabilidade.
Se você ainda não está habituado a essa classe, trata-se de um mix de renda fixa com renda variável.
Os fundos multimercados (ou simplesmente “mm”) representam o “meio do caminho” entre o conservadorismo da renda fixa, e a agressividade do mercado de ações.
Pode ser uma ótima escolha para o investidor que deseja obter maiores retornos, sem se expor a um risco excessivo.
Um exemplo de fundo multimercado é o Quantitas Galápagos FIM, que possui média volatilidade e opera unicamente Títulos Públicos Federais.
Desde o seu início (set/2017), o fundo já rendeu 175% do CDI.
Felizmente, o histórico de rentabilidade é positivo nos cenários de queda dos juros.
Para demonstrar o que pode ser visto como uma boa oportunidade para esse momento, vamos olhar para o gráfico abaixo.
Nele consta o Índice IHFA – que representa a média de retornos dos fundos multimercados da indústria – desde o seu início em 2007, até hoje.
Observe que de lá para cá, o índice rendeu 388,17%, ao passo que o CDI rendeu 316,34%.
O IHFA rendeu 122,7% do CDI ou, simplesmente, 22,7% a mais no período.
E isso é bem esperado, tendo em vista que, por também conter ações em carteira, os mm apresentam maior risco do que o CDI.
Mas, no momento, não estamos em busca do retorno médio do período; e 122,7% do CDI me parece ser pouco pelo momento.
Observe agora os 4 gráficos acima.
Em cada um deles consta um ciclo de queda da Selic – de 2007 para cá foram 4 ciclos, retirando o atual – e o retorno médio do IHFA e do CDI no período de 12 meses subsequentes ao primeiro dia de corte dos juros.
- No segundo ciclo de corte da Selic, de 18/10/2011 a 18/10/2012, o IHFA rendeu 14,57% (ou 156,5% do CDI).
- No terceiro ciclo de corte da Selic, de 18/10/2016 a 18/10/2017. o IHFA rendeu 14,33% (ou 126,6% do CDI).
- E, por fim, no quarto ciclo de corte da Selic, de 30/07/2019 a 30/07/2020, o IHFA rendeu 6,73% (ou 159,5% do CDI).
A média de retorno do IHFA nos últimos 4 ciclos foi de 163,35% do CDI!
Parece-me que, para quem tem o perfil moderado e/ou sofisticado, alocar uma parte dos recursos em fundos multimercados faz bastante sentido…
Principalmente para aplicações até 12 meses após o início da queda da Selic, para aproveitar esse histórico de destaque.
Uma oportunidade de fundo multimercado de alta volatilidade é o fundo Ibiuna Long Short, que rendeu 201% do CDI nos últimos 5 anos.
Esse fundo possui baixa correlação em relação ao Ibovespa e, por isso, é indicado para reduzir a volatilidade de uma carteira de renda variável.
E, para quem não quer investir em nada diferente de renda fixa, o que fazer? Para o investidor que deseja continuar na renda fixa, ainda temos excelentes opções.
Os investidores qualificados e profissionais poderão ter acesso a papéis – que estão em estruturação – de rentabilidade próxima a IPCA+9% a.a., prefixados de 14% a.a. e CDI + 4% a.a.
Nos pós-fixados, o CDI+ pode fazer mais sentido do que o % do CDI.
E, por fim, vai uma dica para os investidores que desejam comprar pós-fixados…
Em ambientes de queda dos juros, é mais vantajoso comprar ativos CDI+, que temos a remuneração do CDI mais uma taxa prefixada, se comparado a um pós- fixado que paga um % do CDI, por exemplo, 120% do CDI. Por que?
Observe o gráfico abaixo:
Vamos olhar para o exemplo de um investimento CDI + 4% a.a. Com a Selic/CDI em 13,25%, o retorno se torna 133,40% do CDI.
Quando a Selic/CDI estiver em 9% ao ano, esse mesmo investimento trará um retorno de 147,29% do CDI.
Ora, se você tem um título que rende 120% do CDI, independentemente do CDI subir ou cair, o rendimento será sempre de 120% do CDI.
No primeiro caso, pelo fato do rendimento ser composto também por uma taxa pré (de 4% nesse caso), teremos uma parte da rentabilidade “imune” à queda dos juros.
Bom, Investidor Inteligente, é fato que temos bastante trabalho a fazer.
Para manter a rentabilidade alta do portfólio – nesta queda da Selic – vale à pena dar uma boa olhada em todas as oportunidades que estão se abrindo.