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Dividendos: o que é e como funciona

É muito comum que o iniciante no mundo dos investimentos imagine que a única forma de ganhar dinheiro com a bolsa de valores é vender uma ação por um valor maior do que comprou. E, de fato, essa é uma maneira, mas não se trata da única. Ter uma ação é como ter uma parte de uma empresa e, por isso, ter direito ao lucro desta empresa, eventualmente.

Dividendos constituem o tipo mais comum de proventos. Ou seja, trata-se da maneira mais habitual pela qual as empresas que obtiveram lucro distribuem esse valor entre seus acionistas. Por isso, se você quer começar a investir na bolsa ou, até mesmo, melhorar a sua carteira já existente, leia este texto até o final e saiba tudo sobre dividendos.

Dividendos são os proventos mais comuns do mercado

Mencionamos antes que dividendos são tipos de proventos. Então, vamos entender um pouco melhor isso. Proventos são benefícios distribuídos pelas empresas para os seus acionistas, ou seja, são alguns pagamentos enviados para quem tem ações das companhias em uma determinada data. Eles podem vir em forma de bonificação, juros sobre capital próprio (JCPs), direitos de subscrição e, obviamente, dividendos, entre outros.

Para entender melhor as diferenças entre essas formas e, consequentemente, saber mais sobre os dividendos, precisamos conhecer as motivações que levam uma empresa a abrir seu capital e ingressar na bolsa. Em geral, trata-se da busca por recursos a fim de financiar o crescimento. Assim, os acionistas investem e passam a ter essas contrapartidas oferecidas, sendo que cada uma delas atende a uma estratégia. Vejamos melhor isso!

Bonificação

A bonificação é um tipo de provento que não envolve pagamento em dinheiro. A divisão do lucro, neste caso, ocorre da seguinte forma: a empresa pega parte desse lucro, emite novos papéis equivalentes ao valor em questão e os distribui, de forma proporcional, aos acionistas. Com essa opção, a empresa evita reduzir o caixa, aposta na liquidez e tenta não deixar o acionista totalmente sem contrapartida.

Direitos de subscrição

O modelo de direitos de subscrição tem certa semelhança. Nele, permite-se que os acionistas tenham prioridade na compra de novas ações emitidas pela empresa. Tal dispositivo costuma ser utilizado no sentido de oferecer aos investidores a possibilidade de manterem suas porcentagens do negócio, caso queiram.

JCP

Já os JCPs são pagamentos feitos em dinheiro aos acionistas. Seguem uma lógica muito parecida com a dos dividendos, como veremos a seguir, uma vez que também ocorrem com base no lucro da empresa. A diferença é que, nesse caso, a empresa contabiliza o pagamento como despesa, de modo que o investidor acaba pagando o IR. Ou seja, a empresa evita pagar impostos, o que pode ser importante para a sua saúde.

Dividendos

Por fim, os dividendos, que são os proventos mais comuns do mercado, representam a parte do lucro que a empresa paga regularmente aos seus acionistas. Esse pagamento pode ter periodicidade mensal, trimestral, semestral ou anual, que é o período máximo, e depende do desempenho da empresa. Primeiro, ela precisa ter lucro para poder distribuí-lo; segundo, a distribuição precisa ser a opção em detrimento do reinvestimento.

O que são dividendos

Como já mencionado, os dividendos são a parcela do lucro da empresa que é distribuída aos acionistas. Mas, a grande questão para entender os dividendos é ter a dimensão de qual quantia compõe esta parcela. Afinal de contas, não corresponde a todo o lucro a fração dividida entre os acionistas.

Na prática, os dividendos dependem do desempenho do negócio e de sua estratégia, como entenderemos melhor, a seguir. Mas, em linhas gerais, a lógica é a seguinte: se a empresa está mirando uma fase de crescimento elevado, o que demanda investimento, ela tende a optar por reinvestir os lucros.

No entanto, se a empresa já está consolidada, ou se conta simplesmente com menor risco a partir do seu setor de atuação, então ela poderá efetuar maiores pagamentos, dado que não é saudável manter dinheiro “parado” em caixa.

A companhia que lucra tem liberdade para escolher como beneficiará os seus acionistas. Mas, essa liberdade, — é importante destacar —, está condicionada à legislação vigente que versa sobre o assunto. Isto porque é a empresa que define em seu estatuto o dividendo mínimo obrigatório, mas a ausência dessa definição dá margem à imposição definida pela norma.

Quem paga dividendos

Pagam proventos, como os dividendos, ações de empresas e cotas de fundos imobiliários (FIIs). Da mesma forma, alguns fundos de investimentos em ações também pagam dividendos aos seus cotistas, ainda que isso seja pouco comum. Para que isso ocorra, eles precisam receber proventos das organizações em que têm participação e não optarem pelo caminho mais óbvio, o reinvestimento.

Como veremos a seguir, o pagamento de dividendos está relacionado, no Brasil, a uma legislação específica no âmbito federal. Contudo, essa não é uma prática restrita ao nosso país, pelo contrário. Então, quem investe no exterior também deve ter enorme atenção aos proventos. Isto porque os recibos negociados na B3 que representam papéis listados em bolsas estrangeiras, — os famosos BDRs (Brazilian Depositary Receipts) —, também podem pagar dividendos.

Os dividendos, segundo a legislação

O percentual do lucro líquido distribuído pela empresa pode, em tese, variar de 1% a 100%. Entretanto, se o estatuto da empresa for omisso sobre o tema, então, a norma estabelece o pagamento de 50% do lucro líquido anual ajustado. Neste caso, trata-se de valor deduzido de reservas previstas na própria lei.

Além disso, ainda neste contexto de omissão estatutária, se houver assembleia geral de acionistas e ela decidir alterar o estatuto para introduzir um porcentual, ele corresponderá a, no mínimo, 25% do lucro líquido ajustado. Perceba a relevância da assembleia geral ordinária, uma vez que cabe a ela deliberar sobre a destinação do lucro líquido e a distribuição de dividendos.

Outro ponto a ser definido é sobre a frequência dos pagamentos, uma vez que, por lei, isso deve ocorrer pelo menos uma vez por ano, mas, pode-se optar também por pagamentos mensais, trimestrais e semestrais. O caso dos fundos imobiliários é um pouco diferente, pois eles são obrigados a pagar rendimentos aos cotistas semestralmente.

Para além da obrigação, muitos fundos decidem por pagar mensalmente, sendo essa uma forma de atrair investidores em busca de uma fonte de renda regular — objetivo bastante frequente. E outro ponto que diferencia os proventos relacionados às contas dos relacionados às ações é que a lei estabelece para os fundos a distribuição de, no mínimo, 95% dos lucros semestrais.

Por outro lado, é importante retomar, pode haver uma decisão pela não distribuição dos dividendos. Isso ocorre quando a administração avalia que o pagamento é incompatível com a situação financeira da empresa.

No caso da não distribuição, os recursos vão para uma reserva especial. A partir dela, o dinheiro fica “guardado” com o intuito de ser utilizado para cobrir prejuízos nos exercícios seguintes. Não havendo tais prejuízos, o valor deve ser distribuído entre os acionistas, assim que a situação da empresa permitir.

Vale lembrar que, nem sempre, o valor deixará de ser distribuído para cobrir prejuízos numa perspectiva negativa. Isso porque a assembleia pode votar por não distribuir dividendos, para que a empresa possa reinvestir o lucro num grande projeto.

Nesse caso, não necessariamente o não recebimento de dividendos será ruim ao investidor, uma vez que esse movimento pode significar ganhos mais significativos no longo prazo, seja a partir de divisões futuras, seja por conta da própria valorização das ações.

Dividendos como estratégia

Como vimos antes, a lógica mais básica é: quem está consolidado divide o lucro e quem não está, investe. Mas, é claro que uma estratégia importante como a opção pelos dividendos não poderia ser entendida somente dessa forma.

Os dividendos também devem ser entendidos como ferramenta para a atração de investidores, como já foi dito, e isso não é totalmente dependente do outro aspecto, ou seja, ser uma empresa totalmente consolidada e pertencer a um ramo de baixo risco. Tais empresas sabem que essa postura representa ao investidor uma possibilidade de ganhos que se mantêm, mesmo que as ações da companhia se desvalorizem, isto é, oferecendo, assim, uma postura defensiva à carteira.

É claro que os investidores, por sua vez, não são necessariamente guiados apenas pela perspectiva defensiva. Muitos consideram o fator apontado por analistas de que os papéis de boas pagadoras de proventos são propensos a valorizar no longo prazo. Assim, é possível para o mercado que os dois ganhos (com dividendos e com venda de papéis) ocorram a partir de uma mesma ação.

Dividendos como estratégia momentânea

Estamos falando aqui em estratégias a partir de noções mais perenes ou, ao menos, perto disso. Essa pode mesmo ser uma tendência mais vista, dada a relação do processo com a burocracia interna e o condicionamento legal externo. Mas, as empresas podem pagar proventos, como os dividendos, por motivos pontuais.

Há negócios em que ocorrem eventuais pontos fora da curva, momentos que não devem ser considerados para a contabilidade dos períodos seguintes. Assim, abre-se uma janela de possibilidades. Então, com a venda de um ativo valioso, por exemplo, é possível optar pela distribuição de parte dos lucros por um tempo determinado, aliada com o reinvestimento, se essa for a estratégia principal da organização.

Como é feito o cálculo de dividendos

Certo, entendemos o que são os proventos, dado que os dividendos são apenas um tipo deles. Depois, entendemos os dividendos em si, a norma jurídica que lhes diz respeito, suas características básicas e as estratégias por trás de sua constituição em cada caso. Mas, como, afinal, são calculados os dividendos?

Voltando ao básico, os dividendos são uma parte do lucro líquido da empresa. Essa parte deve ser definida em estatuto, caso contrário será fixada em lei ou determinada pela assembleia de acionistas. Essa parte, é importante entender, depende do tamanho do lucro. Ou seja, se em determinado período a companhia não tem ganhos, não há o que distribuir.

Definido o macro, isto é, a parte a ser dividida, pensemos nas partes da parte, ou seja, o que cada acionista terá a receber. Esse pagamento é feito num valor proporcional à quantidade e ao tipo de ação (preferencial ou ordinária) que cada acionista detém. Os dividendos são representados por um determinado valor por ação, enquanto que, nos fundos imobiliários, o investidor tem direito a um valor proporcional por cota. Em ambos os casos, vale a máxima (um tanto óbvia) de que quanto maior a participação, maiores são os ganhos.

Como funciona o pagamento de dividendos

Os dividendos podem ser depositados, tanto na conta do investidor em uma corretora quanto em conta-corrente no banco. Em qualquer um dos casos, não incidem impostos sobre os dividendos recebidos de companhias. Sendo assim, não há incidência do Imposto de Renda. Apesar disso, é recomendável que esses valores e investimentos sejam incluídos na declaração anual do IR, sendo que o local adequado para inserir a informação é a aba “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis”, no campo “09 — Lucros e dividendos recebidos”.

O fato de o investidor não pagar ele próprio o imposto não quer dizer que a taxação deva estar fora da consideração sobre esses valores em comparação a outros investimentos, ou na análise da questão, de maneira mais ampliada. Isso porque o imposto não deixa de ser pago, se considerarmos que a distribuição é feita em cima do lucro líquido, ou seja, depois que os impostos já foram recolhidos pela empresa.

É importante destacar, antes de seguirmos, que o tópico relacionado com a não taxação de dividendos pode se alterar em breve. A situação pode mudar com a reforma tributária, que se encontra parada neste momento, mas pode ser levada adiante com certa celeridade, dado que o assunto já passou pela Câmara Federal. O período eleitoral, porém, deve ser um ponto sensível e de contenção ao avanço do tema.

Dividendos e investimentos

Tendo entendido o que são os dividendos e como eles são operados pelas empresas, na prática, agora é hora de vir para o outro lado do balcão. Vamos entender os dividendos na perspectiva dos investimentos e como eles são vistos dentro das carteiras das pessoas com mais experiência no mercado.

Vamos lembrar, para tanto, algumas noções básicas sobre o investidor. Trata-se de alguém que se dispõe a correr uma maratona, ou seja, a fazer dos investimentos um caminho no longo prazo. Então, diferentemente dos especuladores, investidores são pessoas que montam estratégias pensando no futuro.

Nessa perspectiva, é importante perceber a importância dos dividendos como uma fonte de renda que se mantém, mesmo com as eventuais quedas nas ações e está livre do IR. Ou seja, trata-se de um recurso capaz de atravessar períodos difíceis da economia e manter certos investimentos vantajosos nesses períodos.

Além disso, o investidor não pensa apenas na longevidade das ações que adquire. Ele próprio sabe que a melhor postura neste ambiente é se manter com a capacidade de permanecer aportando recursos. Já seria uma lógica básica, se fosse apenas uma forma de guardar dinheiro, mas, no contexto em que se pode multiplicá-lo, ter ferramentas para continuar investindo é fundamental.

Então, se esse valor puder vir de outros investimentos, como acontece para quem tem acesso a dividendos, ainda melhor. Em síntese, o fluxo de renda é uma grande vantagem dessa operação.

Outro ponto importante para essa escolha é o fato de ações com bons dividendos tenderem a oscilar menos. Em momentos de insegurança, as pessoas procuram opções mais consolidadas, o que é instintivo e conta com boa dose de lógica. E, como é próprio do comportamento de mercado, tal movimento também ajuda a evitar a queda dessas ações. Ou seja, olhando no longo prazo, focar os investimentos nesse tipo de ação pode significar ganhar duas vezes: com proventos e com a valorização dos papéis.

Elementos observados na escolha da ação

Como já deve estar claro a essa altura, verificar o peso que a distribuição de proventos terá na sua carteira é uma tarefa complexa e que mobiliza um caráter estratégico. E mesmo o entendimento sobre o comportamento de uma empresa em relação à distribuição dos lucros não é uma tarefa exatamente simples, mas algumas noções básicas ajudam.

Nesse sentido, a primeira coisa a se fazer quando se está buscando entender o comportamento de uma empresa, frente aos dividendos, é conhecer o seu histórico. Saber se a organização tem distribuído proventos regularmente é uma boa maneira de verificar o hábito constituído, até então. A pesquisa, nesse sentido, pode ser complementada com a checagem junto a outros investidores, até mesmo para perceber, se esse for o caso, uma mudança possível nesse comportamento.

Veja: o histórico é um bom indicativo, mas o passado não necessariamente define o futuro. Um projeto de expansão, por exemplo, pode reorientar a empresa a um novo comportamento frente ao lucro, passando a adotar a postura do reinvestimento. Por isso, é interessante conhecer minimamente o setor em que a empresa opera e entender seus movimentos possíveis, bem como o mercado em questão, como um todo.

Também, nesse sentido de reconhecer elementos indicativos de um futuro breve, há que se considerar a possibilidade de não haver lucros para a empresa. Note que dividendos representam a divisão dos lucros e, se não há lucro, não há dividendos. Uma empresa com problemas de gestão ou que se coloca em uma situação vulnerável, como a operação voltada a um mercado que tende a ser superado, corre sérios riscos de não conseguir mais pagar dividendos em algum momento — sem contar, é claro, a desvalorização dos papéis.

Dividend yield

Dividend yield (DY) é um elemento bastante importante no que se refere à análise em relação aos dividendos. Esse termo em inglês significa “rendimentos de dividendos”, tradução bastante sugestiva. Isso porque se trata de um indicador que mede a taxa de retorno de uma ação na forma de dividendos.

O DY é utilizado para verificar se o provento é atrativo ou não, em relação ao preço do papel. Ou seja, é uma das métricas usadas para avaliar se uma empresa é interessante ou não para pessoas que estão montando suas carteiras baseadas em estratégias de dividendos.

Essa métrica é calculada a partir da divisão do valor nominal do dividendo por ação pelo preço no papel, no período relativo ao pagamento do provento, com o resultado sendo multiplicado por 100, para que se chegue a uma expressão em porcentagem. A lógica para a avaliação é simples: o retorno do papel com dividendos é proporcional ao resultado, ou seja, quanto maior, melhor.

Como macete, especialistas defendem que se pode observar essa métrica em comparação com a Selic, assim como ocorre com outros parâmetros do nosso mercado. Além disso, o cálculo do DY também serve para avaliar o retorno das cotas, no caso dos fundos imobiliários.

Data com

Outro fator a ser percebido em relação aos dividendos é a data com, que nada mais é do que a data limite para que alguém compre ações de determinada empresa e tenha direito a receber os dividendos já anunciados. Essa dinâmica de funcionamento visa à valorização dos investidores que estiveram com a empresa no período em que o lucro que será distribuído foi efetivamente conquistado.

Para acompanhar as empresas e reconhecer todos esses movimentos, é possível acompanhá-las a partir de divulgações feitas por elas próprias. Em geral, trimestralmente, elas exibem seus resultados e publicam suas agendas de distribuição, quando há. Muitas empresas brasileiras já estão posicionadas nesse sentido, cada qual contando com a sua agenda de dividendos para 2022.

Como montar a sua carteira orientada aos dividendos

A bolsa brasileira pode ser considerada, — se olharmos para o ano que se passou e apresenta números totais — , em um momento bastante oportuno, no que se refere aos dividendos. Só em 2022, os cálculos apontam para R$ 301 bilhões distribuídos em dividendos, sendo mais da metade só da Petrobras (PTR3, PETR4).

Em 2021, mais de R$ 200 bilhões foram pagos via distribuição de lucros das empresas na B3.

No ano passado, as melhores pagadoras de dividendos na B3 foram: Metalúrgica Gerdau (GOAU4), Unipar (UNIP6), Vale (VALE3), Portobello (PTBL3), Copel (CPLE6), JBS (JBSS3), Siderúrgica Gerdau (GGBR4), Transmissão Paulista (TRPL4), Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3). Todas elas apresentaram o DY acima de 11%, o que é altamente positivo conforme entendemos anteriormente.

Em 2022, tiveram destaque, dentre outras:

  • Petrobras (PETR4) – dividend yield de 58,84%, R$ 16,74 por ação
  • BrasilAgro (AGRO3) – DY de 18,25%, R$ 5,25 por ação
  • Copel (CPLE6) – DY de 15,68%, R$ 0,99 por ação
  • Kepler Weber (KEPL3) – DY de 15,30%, R$ 2 por ação
  • Unipar (UNIP6)  – DY de 14,60%, R$ 13,71 por ação
  • Banco do Brasil (BBAS3) – DY de 14,44%, R$ 4,17 por ação
  • Metal Leve (LEVE3) – DY de 13,89%, R$ 4,20 por ação
  • CSN Mineração (CMIN3) – DY de 13,43%, R$ 0,91 por ação
  • Taesa (TAEE11) – DY de 13,35%, R$ 1,62 por ação
  • Gerdau (GGBR4) – DY de 13,32%, R$ 3,63 por ação

Vamos ver melhor agora outras formas de proventos:

JCP e a diferença entre dividendos

Além dos dividendos, as empresas podem distribuir seus lucros por meio dos JCP. Esta sigla significa Juros sobre Capital Próprio.

O JCP é tratado como uma despesa no balanço da companhia. Ou seja, ele é considerado antes do lucro líquido. Com isso, ele reduz o lucro tributável, diminuindo o Imposto de Renda a ser pago pela empresa.

Portanto, o JCP costuma ser vantajoso para as empresas do ponto de vista fiscal.

Os juros sobre capital próprio são uma forma de dividendos que surgiu nos anos 1990. Eles são usados pelas empresas de capital aberto como artifício contábil para pagar menos impostos.

Resumidamente, os dividendos são lançados na contabilidade da empresa como lucro, portanto, a companhia é quem arca com os impostos incidentes. Já nos juros sobre capital próprio, o dinheiro destinado aos acionistas entra na contabilidade como despesa, portanto livre de impostos.

E quem paga o imposto, no final, é o investidor. Ele é tributado em 15% sobre o valor dos juros sobre capital próprio no imposto de renda.

Outra diferença é que os JCP não podem ultrapassar 50% do lucro líquido do período contábil em questão.

JCP e dividendos: qual dos dois é melhor?

Em uma análise rápida, não pagar impostos é sempre mais vantajoso, certo? No entanto, tudo depende da empresa que o investidor escolhe participar como acionista.

Alguns juros sobre capital são mais robustos do que os dividendos. E algumas empresas optam pelas duas modalidades de distribuição de lucro.

Para o investidor interessado na estratégia de dividendos, o fundamental é estudar bem pelo menos o período de um ano dos pagamentos de lucros de cada empresa antes de fazer a sua escolha.

Isso porque algumas empresas estão mais sujeitas a sazonalidades, caso das empresas turísticas, por exemplo. E uma análise superficial poderia conduzir o investidor ao erro.

Por que investir focado em dividendos ou JCP?

Compor uma carteira de ações focada em dividendos oferece uma série de vantagens ao investidor.

Para quem está na fase de acumulação, a estratégia confere a possibilidade de recomprar cada vez mais ações, utilizando os pagamentos dos dividendos.

Para quem já tem o patrimônio formado, dividendos e JCP viabilizam uma renda recorrente que ajuda a pagar as contas ou permitir alguns pequenos luxos.

Além disso, quem investe com foco nos proventos tende a formar uma carteira de ações mais segura, menos volátil aos humores do mercado, e de empresas com gestão bastante sólida.

Para quem tem foco e paciência, tal estratégia de investimento pode até ser, a longo prazo, a realização da meta de “viver de renda”. Sem que isso comprometa o patrimônio.

Além dos dividendos, entenda como analisar uma ação

Quem se interessa por dividendos, deve observar que na hora de comprar a ação de uma empresa existem diversos fatores que devem ser observados.

Muitos investidores cometem o erro de ir na onda de dicas do momento e compram papéis que estão na moda.

Para não cometer erros de análise, vamos ver agora os principais indicadores usados pelos especialistas para medir a atratividade de uma ação: saiba mais sobre a “análise fundamentalista“.

O que é análise fundamentalista?

A análise fundamentalista tem como objetivo determinar o valor intrínseco de um ativo de uma determinada empresa. Desta forma, você pode verificar se o preço do mercado está alto ou baixo, e se é uma boa oportunidade para investir.

Quando você se aventura no mundo das ações, vai encontrar muitos dos indicadores fundamentalistas nos resultados trimestrais das empresas e também nos relatórios produzidos por analistas de mercado e instituições financeiras.

Veja mais sobre eles a seguir:

Dividend Yield (DY)

Ele mede o desempenho da empresa de acordo com os dividendos pagos aos seus acionistas. O DY mostra qual é a relação entre os dividendos distribuídos e o preço atual da ação.

Quanto maior for a distribuição de dividendos, mais elevado será o percentual de DY. Para quem quer comprar ações, um DY elevado é um ótimo sinal.

Preço da ação/Lucro (P/L)

O indicador P/L mede a relação entre o preço atual de uma ação e o lucro por ação acumulado nos últimos 12 meses.

Ou seja, a fórmula é preço por ação dividido por lucro por ação.

Quanto mais elevado for o P/L da empresa analisada, maior é a disposição do mercado em pagar pelos lucros da empresa. Um P/L alto também pode significar que o mercado tem expectativas altas para o papel, pressionando o preço para cima.

Um P/L baixo pode indicar que o mercado não está tão confiante em relação àquele papel.

Mas também pode indicar que aquela ação é uma boa oportunidade que ainda não foi percebida pelo mercado. Em outras palavras, um múltiplo baixo pode sinalizar que a ação está atrativa.

Preço da ação sobre Valor Patrimonial (P/VP)

O P/VP é o valor da empresa em bolsa dividido pelo patrimônio líquido. Você também vai encontrar este raciocínio na fórmula P/VPA, que é o preço da ação dividido pelo valor patrimonial por ação.

Quando o P/VP está abaixo 1, significa que a empresa vale em bolsa menos do que o seu patrimônio líquido. A depender do contexto, isso pode ser uma oportunidade para o investidor.

Em momentos de crises muito graves, por exemplo, muitas empresas são negociadas abaixo do valor patrimonial devido à aversão generalizada dos investidores ao risco.

Ao mesmo tempo, o P/VP abaixo de 1 pode indicar que o mercado está vendo alguma desvantagem naquele ativo.

Preço da ação/Ebit (P/Ebit)

Ele representa a relação entre o preço da ação e o Ebit da companhia, dividindo um indicador pelo outro.

Ebit é uma sigla em inglês que significa earnings before interest and taxes. Ou seja, lucro antes de juros e impostos sobre a Renda. Mostra qual é a lucratividade da empresa em relação à sua atividade principal.

Por isso, é um retrato mais fiel da operação da empresa, refletindo sua produtividade e eficiência. Uma forma interessante de utilizar o P/Ebit é comparar o indicador entre empresas do mesmo setor.

Valor da empresa sobre Ebit (EV/Ebit)

Este múltiplo compara o valor da empresa (enterprise value, em inglês, ou EV) com o lucro antes de impostos e taxas (Ebit).

O EV/Ebit é a divisão do EV pelo Ebit da companhia. Um índice elevado indica que a ação da empresa está sendo bem avaliada pelo mercado. Neste caso, isso pode significar que a ação pode passar por um ajuste.

Ao mesmo tempo, um EV/Ebit baixo sinaliza que a ação está sendo subavaliada, o que mostra um potencial de alta. Por isso, um indicador baixo mostraria que a ação está mais atrativa.

PSR

PSR significa Price to Sales Ratio em inglês, ou Preço/Vendas.  Quando o PSR é menor que 1, significa que a ação está barata ou que seu mercado está muito desaquecido.

Já quando o PSR é maior que 1, é indicador de que o mercado valorizou a sua ação em relação à receita. Pode ser um sinal de que a ação está cara.

Da mesma forma que ocorre com o indicador P/VP, quanto maior o PSR, maior o risco para a sua carteira de investimentos.

Agora que falamos sobre vários indicadores que indicam a atratividade do preço da empresa, confira agora alguns indicadores de rentabilidade.

Indicadores de rentabilidade

Margem Líquida

A margem líquida de uma empresa é um dos indicadores usados para medir a rentabilidade de uma companhia. Ele representa qual foi o resultado líquido de vendas da empresa durante um período.

Em outras palavras, a margem líquida mostra quanto cada real de receita resultou em lucro líquido para o negócio depois da dedução de todas as despesas, inclusive o imposto de renda.

Além de indicar a rentabilidade, a margem líquida ajuda o investidor a avaliar como a empresa está sendo administrada. Afinal, boas decisões da administração vão aumentar a capacidade de lucro sobre a receita da empresa.

Margem Ebit

A Margem Ebit  mostra como está a eficiência operacional das companhias. Este indicador mede a lucratividade da empresa sem considerar o efeito de juros e impostos.

O Ebit ajuda o investidor a avaliar como está a real capacidade de uma empresa gerar caixa. Ou seja, quanto maior este indicador, mais eficiente é a operação da empresa.

Quando a Margem Ebit está baixa, é sinal de que a lucratividade da empresa está baixa também.

Esta medida é uma forma interessante de comparar empresas do mesmo setor.

Margem Bruta

A margem bruta de uma empresa mostra o quanto a empresa retém de lucros depois de deduzir todos os custos diretos com a produção de seus produtos ou com a prestação de seus serviços.

Quanto maior for a margem bruta, mais condições a empresa terá para cobrir despesas em outras áreas, como marketing e pesquisa e desenvolvimento.

Uma margem bruta elevada pode estar associada a custos de produção baixos e também a um preço de venda favorável.

Ao mesmo tempo, uma margem bruta baixa pode sinalizar custos altos e dificuldade em precificar os produtos de forma vantajosa para a empresa. Neste cenário, a empresa pode buscar reduzir seus custos de produção ou aumentar preços.

Outras possibilidade seria aumentar o foco nos produtos que são mais rentáveis dentro do seu portfólio.

ROE

A sigla ROE é muito utilizada na análise das empresas abertas, tanto por analistas quanto por investidores.

O ROE é a sigla para o termo em inglês Return on Equity, que significa Retorno sobre o Patrimônio.

Este indicador mostra qual é a eficiência da empresa na hora de gerar lucro a partir dos seus recursos investidos pelos acionistas.

ROA

Já o ROA indica qual é a porcentagem de cada dólar (ou real) investido no negócio voltou para você sob a forma de lucro.

Quanto mais alto for o ROA, mais eficiente é a companhia. Isso porque ela é capaz de gerar mais lucros com ativos menores.

Se uma empresa apresenta um ROA baixo, pode significar que seus investimentos foram direcionados para projetos pouco rentáveis. também pode significar que seus ativos têm baixa produtividade.

ROIC

Outra forma de avaliar a rentabilidade de uma empresa é o ROIC. Esta é a sigla para a expressão em inglês Return on Invested Capital.

O Retorno sobre o Capital Total Investido mostra a eficiência da empresa na hora de alocar o capital que detém para fazer investimentos rentáveis. O indicador mostra como a empresa está usando seu dinheiro para gerar lucro.

Indicadores de endividamento

Confira a seguir alguns indicadores sobre endividamento das empresas.

Lucro por ação

O LPA (lucro por ação), muito utilizado na análise fundamentalista, ajuda a encontrar as ações mais lucrativas da bolsa de valores.

Um dos grandes desafios de quem deseja montar uma carteira de ações é justamente escolher os títulos que proporcionem as melhores rentabilidades.

Mas, para isso, não basta somente comparar o lucro das empresas. É necessário saber também o quanto cada ação da companhia representa desse resultado. Nesse sentido, o LPA pode ser muito útil.

Dívida líquida/Patrimônio Líquido

Existem várias maneiras de analisar o endividamento de uma empresa. Uma delas é usando a relação Dívida Líquida/Patrimônio.

Quanto menor for este índice, mais saudável financeiramente está a companhia.

Quanto maior, mais alavancada está a empresa, o que aumenta o risco para os investidores.

Dívida líquida/Ebitda

Esse indicador mostra o quanto uma empresa está alavancada. Em outras palavras, mostra quantos anos a empresa levaria para pagar a sua dívida líquida usando sua geração de caixa.

O cálculo considera que a dívida e a geração de caixa se mantenham constantes, conforme explicado aqui.

Liquidez corrente da empresa

A liquidez corrente mostra a capacidade de pagamento de uma companhia no curto prazo.

Em outras palavras, esta métrica indica que para cada R$ 1 de dívidas vencíveis dentro de um ano, a empresa conta com uma quantidade de valores disponíveis e realizáveis no mesmo período.

Quando a liquidez corrente é maior que 1, é um sinal de que a empresa tem uma boa capacidade de pagar suas obrigações.

Giro do Ativo: vendas x ativos da empresa

O giro do ativo compara as vendas da empresa (giro) com os seus ativos totais.

Em outras palavras, o objetivo do giro do ativo é avaliar se uma empresa está utilizando seu ativo de forma produtiva para gerar riqueza com a venda de seus produtos ou serviços.

Este indicador ajuda a administração da companhia a tomar decisões e eventualmente mudar o rumo do negócio para criar mais lucro a partir do seu ativo.

CAGR

Uma das métricas utilizadas na análise de investimentos é a CAGR. Esta sigla significa, em inglês, Compound Annual Growth Rate. Em português, significa Taxa de Crescimento Anual Composta.

A CAGR é usada para mostrar tendências relacionadas a receitas, despesas ou outros indicadores ao longo do tempo. Ela fornece a taxa anualizada de mudança entre o ano base e o ano final da amostra.

Na análise de empresas, você pode encontrar com facilidade os indicadores de CAGR de receitas ou lucros, geralmente calculados para o intervalo de 5 anos.

Liquidez média diária

Para fechar esta série de indicadores, vamos falar sobre a liquidez média diária. Trata-se do valor financeiro médio da empresa negociada em bolsa.

Este indicador permite que você avalie em quanto tempo poderá comprar ou vender uma quantidade de ações de uma empresa.

 

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