Investimentos

Santa Claus Rally: existe mesmo rali de Natal?

Olá, Investidor Inteligente!

Parece que o Papai Noel chegou mais cedo nesse ano para os investidores do Ibovespa. Em novembro, até o dia 22, o Ibov registrou alta de 11%! Até aqui é o melhor mês do ano para o nosso mercado de ações.

E esta alta está coincidindo (com certa antecipação) com uma época em que as ações costumam subir – pelo menos, no mito popular – no famoso rali de Natal, ou o “Santa Claus Rally”, dos EUA.

A teoria diz que em dezembro, os investidores institucionais (profissionais), também chamados de “tubarões”, que movimentam grandes somas em dinheiro, acabam deixando o mercado financeiro “de lado”, para aproveitarem as férias.

Com isso, sobram em atuação os investidores pessoa física que tradicionalmente operam no curto prazo e em posições compradas – isto é, apostando na alta.

Sem grandes investidores operando vendido – apostando na queda, a resultante é a existência de uma força compradora maior, movida por pequenos investidores que tentam se aproveitar desse fenômeno e que impulsionam a alta dos preços das ações.

Outros fatores também podem trazer o mesmo efeito, como:

  • (1) mais dinheiro na praça, com os pagamentos de bônus, dividendos, 13º terceiro salário, etc.;
  • (2) expectativas positivas associadas às festas de final de ano e
  • (3) virada do ano fiscal em que o comportamento do investidor pode ser afetado.

A “sabedoria popular”, portanto, nos orienta a comprar ações em dezembro, para aproveitar esse rali.

Mas, antes de sairmos comprando ações de qualquer jeito, a pergunta que deve ser respondida é: será que o fenômeno existe e funciona?

Para responder a esse questionamento, realizei um estudo que funcionou da seguinte forma:

  1. Foi feita uma simulação de aplicação de R$ 10.000, em que ou o investidor alternou o seu investimento entre CDI e Ibovespa. Nos meses de janeiro a novembro, a aplicação foi feita apenas no CDI; no último dia de novembro, o investidor vendeu a sua aplicação no CDI e comprou ações (Ibovespa). No último dia de dezembro, por sua vez, o investidor se desfez de suas ações e comprou CDI novamente.
  2. Essa simulação foi feita em todos os anos, de 1995 até hoje.
  3. Além disso, foram testadas outras duas hipóteses com a mesma lógica: se o fenômeno da alta dos preços se verificava também nos meses “vizinhos” de dezembro, isto é, nos meses de novembro e de janeiro.

Os resultados estão expressos no gráfico abaixo:

gráfico rali de Natal: Santa Claus Rally

Observe o seguinte:

A linha amarela representa o Investimento de R$ 10.000 no Ibovespa, de 1995 até hoje.

A linha preta representa o mesmo valor investido pelo mesmo prazo no CDI.

A linha azul forte, em negrito, representa o teste da hipótese original: a de que existe “Rally de Natal” que promove a alta dos preços das ações em dezembro. A aplicação no CDI é realizada nos meses de janeiro a novembro, e no Ibovespa em dezembro.

A linha vermelha representa o teste de uma das hipóteses complementares: a alternância do investimento entre CDI e Ibovespa, sendo que o investimento no CDI é realizado nos meses de dezembro a outubro; e no Ibovespa é realizado no mês de novembro.

A mesma coisa para a linha verde, com a diferença que o investidor permanece no CDI entre os meses de fevereiro a dezembro, e a aposta no Ibovespa se dá no mês de janeiro.

Os resultados são esclarecedores!

A simulação em que apostamos no Ibovespa no mês de dezembro transformou R$ 10.000 em R$ 450.000 nesse período de 28 anos.

No mesmo período, o investimento no Ibovespa ou no CDI resultou em aproximadamente R$ 300.000. Ou seja, a estratégia de ficar no CDI de janeiro a novembro, e em dezembro investidor tudo em ações, deu resultado! E comprovou a existência do “Rally de Natal”.

Por outro lado, as duas outras simulações (em que apostamos no Ibovespa em novembro e em janeiro) não trouxeram grandes diferenças, em relação ao rendimento do Ibovespa e do CDI.

O mês de dezembro é o diferente

“Tá, mas Denys, em uma simulação tão longa de 28 anos, pode ser que no passado essa relação existia e agora pode não ser mais verdade!”

Sim, a frase acima está correta. E, por isso, os dados foram abertos ano a ano, para constatarmos se o rali ainda existe nos tempos atuais. Observe as tabelas abaixo:

simulação investimentos rali de Natal

Podemos ver acima o rendimento do Ibovespa e do CDI em dezembro de cada ano. Observe que a média de rendimento em dezembro do Ibovespa foi de 3,1% e do CDI foi de 1%.

Esse histórico mostra que o rendimento médio do Ibovespa foi de 3 vezes o rendimento do CDI!

Agora, trazendo a análise para períodos mais recentes:

A média dos rendimentos de dezembro dos últimos 25 anos foi: 3% (Ibovespa) e 1% (CDI);

Nos últimos 20 anos foi de: 2,2% (Ibovespa) e 0,9% (CDI)

  • Últimos 15 anos: 1,2% (Ibovespa) e 0,8% (CDI)
  • Últimos 10 anos: 0,5% (Ibovespa) e 0,7% (CDI)
  • Últimos 5 anos: 3,1% (Ibovespa) e 0,6% (CDI)

Nesse extenso período, a exceção, em que a teoria do rali de Natal não funcionou, é referente aos últimos 10 anos, em que se incluem os dados da nossa bolsa na difícil época da Dilma e do seu impeachment.

Por outro lado, os últimos 5 anos demonstraram ser os melhores, em que a teoria mais funcionou. A diferença do CDI e do Ibovespa foi de 5 vezes!

Bom, a teoria foi testada e comprovada. Sim, as ações TENDEM a subir em dezembro e a superar o rendimento do CDI.

Há rali de Natal! Ele realmente existe!

Então, caro Investidor Inteligente, fique atento, porque esta pode ser uma boa oportunidade; tanto para entrar no mercado de ações; quanto para permanecer com elas – se você já tem – pelo menos pelo próximo mês.

Quero lembrar, no entanto, que não existe garantia nenhuma de que neste dezembro a teoria do Santa Claus Rally vá funcionar. Existem anos – conforme foi demonstrado na tabela anterior – em que os resultados para o mês foram negativos. Outros fatores podem se sobrepor às “férias dos tubarões”; e podem prejudicar a estratégia. Rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura.

Além disso, o mais aconselhável é o investimento em ações visando o crescimento das empresas e o longo prazo.

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