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Há 15 anos: relembre o que foi a quebra do Lehman Brothers e a crise do subprime

A crise bancária desencadeada pela quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature no início do ano trouxe à tona a lembrança da crise do subprime de 2008, que começou com a quebra de um banco de investimentos americano, o Lehman Brothers. Para quem era novo demais ou não lembra, vale revisitar o caso, que completa 15 anos nesta sexta-feira (15).

Relembre ou descubra, neste artigo, como a quebra de um banco teve um efeito dominó, se transformando em um colapso econômico mundial.

Há 15 anos, a falência do Lehman Brothers

Em 15 de setembro de 2008, o Lehman Brothers decretava sua falência. Até então, a instituição, de 164 anos, figurava como o quarto maior banco de investimento dos Estados Unidos. E contava com 25 mil funcionários em todo o mundo.

A quebra do banco varreu os mercados financeiros do mundo todo e deu início a uma grave crise financeira global, que ficou conhecida como crise do subprime.

Descubra ou relembre, neste artigo, o que aconteceu na época.

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Subprime: o que aconteceu com o Lehman Brothers?

Apesar do início da crise financeira ser associada à falência do Lehman Brothers, o problema teve origem bem antes.

Desde o final da década de 1990, o mercado imobiliário americano estava aquecido pela forte oferta de crédito.

Entre 2003 e 2004, o Lehman adquiriu cinco credores hipotecários. Isto porque uma grande bolha imobiliária americana estava em expansão.

Os empréstimos eram feitos aos mutuários sem documentação completa, de modo que o negócio imobiliário do Lehman permitiu alavancar as receitas da companhia.

Em 2006, o banco securitizou US$ 146 bilhões em hipotecas, um aumento de 10% em relação a 2005. Além disso, o Lehman Brothers reportou lucros recordes todos os anos entre 2005 e 2007.

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Para se ter uma ideia, em fevereiro de 2007, o preço das ações do Lehman atingiu o recorde de US$ 86,18 por ação, dando-lhe uma capitalização de mercado de quase US$ 60 bilhões.

Entretanto, ainda no primeiro trimestre de 2007, o mercado imobiliário dos EUA começava a dar sinais de que iria ruir em breve. Isto porque a inadimplência em hipotecas subprime atingia números cada vez maiores.

Em 14 de março de 2007, um dia após a ação ter a maior queda diária em cinco anos, o Lehman reportou receitas recordes em seu primeiro trimestre fiscal.

Após a divulgação dos resultados, o banco declarou que os riscos decorrentes do aumento da inadimplência estavam bem controlados e teriam, então, pouco impacto nos ganhos da empresa.

Ações caem 94,25% em um dia

Três dias depois, em 17 de março, havia o temor de que o Lehman seria o próximo banco de Wall Street a quebrar. Isso após o quase colapso de outra instituição, o Bear Stearns. As ações do Lehman caiu quase 48%.

O que antes representava só rumores do mercado sobre uma possível quebra, em 15 de setembro de 2008 se tornou realidade. E o Lehman Brothers decretou falência.

No dia em que um dos mais tradicionais bancos americanos quebrou, o S&P 500 caiu 4,71%, o Dow Jones desabou 4,42% e o Nasdaq Composite recuou 3,60%.  Ao mesmo tempo, as ações do Lehman Brothers caíram 94,25% no pregão da bolsa de Nova York. No Brasil, a bolsa derreteu 7,59%.

Dias após a esse cenário, o secretário do Tesouro americano à época, Henry Paulson e o então presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, se reuniram com líderes do Congresso para alertar que os mercados de crédito estavam à beira de um colapso.

As autoridades apresentaram um plano de resgate financeiro avaliado em US$ 700 bilhões para resgatar os bancos, o que permitiria ao Tesouro comprar ações de instituições com problemas e estabilizar o mercado.

No entanto, em 29 de setembro de 2008, o plano foi rejeitado pelo Congresso dos Estados Unidos, afundando ainda mais o já deprimido sistema financeiro mundial.

Subprime: cinco circuit breakers em menos de um mês

Neste mesmo dia, o Dow Jones perdeu 777,68 pontos, queda de 6,71%, a maior desde que o índice foi criado. Já o índice Nasdaq caiu 199,61 pontos, recuando 9,14%.

Em terras brasileiras, a bolsa também sentiu. E teve início um período que seria marcado por cinco circuit breakers no decorrer de um único mês.

  • 1º circuit breaker: em 29 de setembro, a Bolsa brasileira fechou em queda de 9,36%, após despencar 13,82%;
  • 2º CB: em 6 de outubro, a Bolsa fechou negativa em 5,43%, após despencar 15,50%;
  • 3º CB: em 10 de outubro, o pregão foi encerrado com queda de 3,37% no índice Ibovespa, após despencar 10,36%;
  • 4º CB: em 15 de outubro, a bolsa encerrou o dia em queda de 11,39%, após derreter 14,81%;
  • 5º CB: em 22 de outubro, o índice Ibovespa encerrou o dia em queda de 10,18%, após afundar 10,28%.

O que foi o colapso do subprime?

O colapso do subprime foi o aumento acentuado das hipotecas de alto risco que entraram em inadimplência a partir de 2007, contribuindo para a recessão mais severa em décadas.

boom imobiliário de meados dos anos 2000 — combinado com taxas de juros baixas na época — levou muitos credores a oferecer empréstimos imobiliários a pessoas com crédito ruim.

Esses devedores não eram aprovados em empréstimos tradicionais e por isso precisavam recorrer a empréstimos especiais chamados de subprime.

Esse tipo de empréstimo costumava ser feito a mutuários com pontuações de crédito ruins. Em geral, bem mais baixas do que o normalmente exigido para empréstimos tradicionais.

Quando a bolha imobiliária estourou, muitos mutuários não puderam fazer pagamentos de suas hipotecas. E isto desencadeou uma quebra generalizada de instituições financeiras.

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